dezembro 25, 2004

Café da manhã

Após ter feito as minhas análises para a rotina da medicina do trabalho, resolvi ir tomar o meu café da manhã a um lugar mais rústico de Lisboa. O choque é imediato, desde o cheirinho dos bolinhos frescos ao bom dia sincero do empregado de balcão.
Este momento fez-me pensar em como me tenho distanciado do que me faz sentir bem. Dos bons velhos tempos em que não estava rodeado de hipocrisia e intrigas.
Um episódio realmente fascinante é o da senhora que tem um ataque de tosse por causa do folhado que comia. Fascinante porque começou a tossir e só tinha tempo para respirar de quando em quando, e aproveitava essa inspiração para trazer uma "merda" no retorno: "Cofff, cofff, coff, aaaa, merda, coffff, coffff, ..."
Fascinante.

dezembro 14, 2004

O Natal tem um significado especial

Acabaram de me dizer que o Natal tem um significado muito especial e não é só abrir prendas. Contaram-me uma história de um tipo de há 2 mil anos que deu todo este granel.

Devia ser um santanista...
Acho que também acabou crucificado em publico e ressucistou passado pouco tempo, mas não aguentou e desapareceu para sempre com a crença de um dia voltar para nos salvar. Chiça, cacete.

Espírito natalício

O Natal, esse feriado lindo em que se dão prendas aos conhecidos mais próximos de cujos quais esperamos receber o mesmo em troca, está-se a tornar num problema para o país. Primeiro é um feriado, embora que com um significado qualquer de uma religião qualquer, segundo nos dias seguintes o pessoal anda todo aos zig-zags e com olheiras de orelha a orelha, terceiro a polícia tem mais trabalho, quarto as poupanças vão-se à vida, quinto....
O Natal não é uma boa altura do ano.
O governo devia inventar um imposto tipo o que se pagam nos carros, IVA sobre o IA. Aqui seria IP (imposto de prendas) sobre o IVA. Seria ilegal mas, segundo teoria da soma dos poucos, passaria despercebido. Seria como a assinatura da PT (os anuncios da concorrência já começaram a fazer efeito). Assim, ao cobrar um imposto sobre as prendas, as pessoas deixariam de dar prendas, deixariam de haver encontros de família porque não haveria abertura de prendas à meia noite, não haveriam os acidentes na altura de Natal, não seria preciso sacrificar os polícias a estar ao frio e longe da cama, nos dias seguintes os trabalhadores continuariam a trabalhar direitos e o país continuaria no seu rumo normal (seja lá isso o que fôr).

ABAIXO O NATAL E AS PRENDAS.

Espero que o Pai Natal não leia o meu blog...

Biodegradado

É incrivel que quando um produto chega a um ponto em que a evolução torna-se algo de uma extrema dificuldade e reservado somente aos grandes produtores, aparece um iluminado que se lembra de o tornar em biodegradável.
É o caso do ultimo grito do telemovel. Não é a 5ª geração, não é o tamanho do écran ou o numero de milhões de cores que consegue mostrar, mas sim, o facto de ser biodegradável.
Como se esta subita revelação do telemovel que se desfaz em pó ao fim de uns anos não chegasse, a equipa que o inventou lembrou-se de introduzir uma semente de flor no seu interior. Lindo. Já não são os jogos Java que interessam ou mesmo o numero de bits que conseguem enviar por milionésimo de segundo, mas sim a cor da flor que irá nascer quando o meu telemovel voltar a ser pó. Será que a próxima geração de telemoveis trará bolbos em vez de sementes ?
Canteiros de telemoveis, conversas com cheiro de alfazema, telemoveis com sentido ecológico.

A soma de uns poucos

Esta ideia atormenta-me há já uns dias. Parece que o nosso país é uma soma de coisas pequenas. Este pensamento começou-me a atormentar ao notar que a minha secretária estava uma grande desarrumação. A pergunta que me surge de imediato é: "Porquê ?". Porque raio é que tenho sempre a minha secretária desarrumada. O Chi não flui, não encontro as coisas à primeira, penso que as tenho lá e não estão...
Descobri que sou mais um pouco que se soma ao nosso país. São as cartas do banco somadas com a publicidade do hipermercado somado com o agrafador somado com o CD de musica somado com o carregador de telemovel que formam a grande desarrumação. No fundo são tudo coisas uteis no seu contexto e utilidade, mas juntas da forma errada provocam uma grandessissima... confusão é o estado da minha secretária.
As nossas estradas são somas de uns poucos buracos. Como são poucos ninguém se preocupa em os tapar, se aparecer mais um também não faz mal.
O nosso governo é(era) a soma de uns poucos deputados, todos com excelentes intenções e projectos.
O nosso país é a soma de uns poucos problemas.


Vou começar a arrumar a minha secretária...